É curioso quando você vai em um show de uma banda quando você já teve o prazer de conhecer os integrantes pessoalmente. Eu nunca fui uma fã calorosa de The Rasmus, nem mesmo quando a banda estourou fortemente nos idos dos anos 2000 com hits como In The Shadows. Mas eu confesso que passei a olhá-los com outros olhos depois de duas coisas: a primeira, com o lançamento do disco Dark Matters (pra mim, o melhor e mais maduro da carreira da banda); a segunda, graças a uma entrevista que a banda me concedeu pessoalmente no ano passado. Na ocasião, eu fui tão bem recebida por eles e o papo fluiu tão bem que eu acabei criando uma espécie de ‘carinho’ por eles, sobretudo ao vocalista Lauri Ylönen e ao baterista Aki Hakala.
Leia mais sobre a conversa que eu tive com os integrantes do The Rasmus em 2017

Foi com esse olhar cheio de carinho que eu presenciei o show deles no último domingo em São Paulo (11/11), quando a banda esteve no país para a turnê mais recente de seu novo disco. Competentes e maduros em cima do palco do Tropical Butantã, a banda e o público souberam driblar o contratempo de uma casa consideravelmente esvaziada (efeito da crise que enfrentamos) para promover uma troca tão intensa e justa que o show ganhou ares de apresentação lotada. Depois de mais de dez anos de diferença entre um show em terras tupiniquins e outro, a banda pisou em solo tropical se sentindo super confortável tanto para brincar com o clima abafado que os recebeu quanto para arriscar um cover fofo e improvisado de Águas de Março, do mestre da bossa nova Tom Jobim.
O setlist foi composto por uma intercalação de seus trabalhos mais antigos e famosos, como First Day Of My Life e Guilty, até o último álbum, com faixas como Paradise e Holy Grail. Com uma plateia mista, composta tanto por adultos como por adolescentes, o coro se fez presente no espaço, com uma empolgação mútua que conferiu uma atmosfera intimista e confortável para ambos os lados. Em um dado momento do show, uma fã (que atende pelo nome de Jaqueline) foi chamada ao palco para cantar em finlandês com os integrantes – algo fofo e sempre bem-vindo, já que a gente adora quando fãs são colocados lado a lado com os seus ídolos.

O carinho por parte do grupo mostra que, para uma banda madura e competente, não podem haver barreiras. Afinal de contas, sempre vai ter uma leva considerável de pessoas ali à espera de suas músicas favoritas. Faixas como Not Like The Other Girls tiveram espaço em um momento mais calmo e acústico da apresentação, com a plateia cantando todas as estrofes a plenos pulmões. No bis, logo depois da execução da famosíssima In The Shadows, a apresentação teve ainda Wonderman (uma de minhas favoritas, com Lauri emocionado errando a letra enquanto o público pedia ensandecidamente por The Fight) e Sail Away, que encerrou a noite.
Depois de uma conversa tão produtiva quanto a do ano passado e de uma noite tão receptiva e sorridente, posso dizer que os moços conquistaram mais uma fã. Foi bom estar com eles, principalmente, para reviver a paixão pela música e essa sensação de pertencimento em meio a um período turbulento e cheio de incertezas.

SETLIST
- First Day of My Life
- Guilty
- No Fear
- Paradise
- Time to Burn
- Immortal
- Justify
- Nothing
- Holy Grill
- Not Like the Other Girls
- Still Standing
- Funeral
- F-F-F-Falling
- In My Life
- Livin’ in a World Without you
- In the Shadows
BIS
17. Wonderman
18. Sail Away
Classificação Final: ♥♥♥♥ (Muito Bom)