Era um dia envolto em nuvens e lágrimas quando ela abriu os olhos.
Sua cabeça latejava pelas longas horas dormidas. Horas de um sono profundo e, ao mesmo tempo, inquieto.
Sua mente parecia um mar revolto e de ondas fortes, que se quebravam na areia úmida como sonhos destruídos pelo tempo.
O coração palpitava. Procurava afastar de sias más lembranças, os pesadelos que tornavam seu corpo duro e brusco.
Respirações rápidas e cortadas corrompiam-lhe, e ela buscava conforto em pílulas rosadas, chás orgânicos e litros de água adocicada, que mais lhe pareciam amargor.
Desistiu até do conforto alcoólico, cujo efeito da euforia era tão passageiro quanto o arco-íris que atravessava o céu escuro em um dia de chuva intensa e sol discreto.
Precisava, afinal, de uma chuva de cores. De campos floridos e florestas frescas, que ocultavam brilhos solares. Mas que, afinal, revelavam por entre as frestas suas iluminação.
Na casa vazia, procurava controlar-se. Tentava empurrar as formas bruscas na parede, procurando afastar de si o lado triste e cheio de terror ao qual sua imaginação era capaz de lhe apresentar.
Por fim, estendeu a mão implorando ajuda. Juntou as mãos e rezou, rogando a todos os seres celestes que lhe poupassem a alma, o corpo e o espírito.

Assim, teve o consolo que precisava.
Tudo se alinhava com os efeitos profundos de remédios e seres de luz que lhe acalmavam a mente. Do alto da auréola, criada na atmosfera que pairava acima de si, uma figura materna veio ao seu encontro.

E assim, a penúria acabou. Destruiu a ansiedade quando, por fim, expeliu as palavras que tanto se acumulavam em seu coração.