Precisamos falar de estrangeirismo. Pois queriam tocar meus lábios com uma língua excessivamente afiada. Percorreram a superfície soprando cevada com palavras torpes empunhando espadas contra a minha garganta. “Brazilian butt just drive me crazy”. “Gut gemacht, liebe Frau!”. . Eu não gozei. Não conseguia gozar com toques tão superficiais. Me doía na alma a ignorância…
Memórias de Confinamento #2 – Despersonalização
Sinto meu corpo semi-consciente, como se eu estivesse aérea a ele. Me sinto pairando, não realmente presente fisicamente, aqui ou lá. E essa sensação de estar fora, pendurada em algum tipo de zumbi, no qual ocasionalmente me transformei, me dá uma sensação absurda de estar prestes a morrer. E se eu morresse agora?, pergunto. Teria…
Memórias de Confinamento #1
Crônicas de uma brasileira na Alemanha em tempos de quarentena
Sobre morar na Europa em tempos de Coronavirus
Não existem países perfeitos, economias perfeitas, culturas perfeitas e sociedades perfeitas. Sempre tive isso muito claro em mente antes de embarcar para o que tantas pessoas chamam de Primeiro Mundo, já esperando certos tombos e aprendizados que viriam com uma certa carga de dor. Desembarcar em um país considerado como uma das maiores potências econômicas…
Crônica: Não perca a tua brasilidade (ou sobre a falta que o sol faz)
“Não perca a tua brasilidade”, minha mãe me disse hoje, em uma das muitas conversas que temos à distância. Foi uma dessas conversas onde eu desabafava sobre as farpas na língua de tantos alemães, sobre o gelo na rua, sobre a escuridão que se abateu no país. O inverno bateu mais cedo nas portas do…
De volta à superfície – e às palavras
Escrever sempre foi uma forma de arte associada aos meus momentos, fossem eles bons ou ruins, e a uma necessidade. Uma extensão da minha personalidade que eu quase poderia chamar como uma forma de sobrevivência. Quando embarquei para a Alemanha, há cinco meses, tinha em mente que um programa de intercâmbio com horas cronometradas de…
Crônica: “Sobre confrontar os foras e aceitar um não”
Desde o término brusco do meu namoro, há dois anos, venho sofrendo com o medo da rejeição – e reajo muito mal quando ela bate à porta. Existe uma ferida ainda um pouco dolorida, que fica à espreita de uma cicatrização e acaba por me confundir. Um processo que preciso mergulhar fundo e superar por…
Au Pair: por quê decidi jogar tudo para o alto e embarcar para a Alemanha
Não é de hoje que venho refletindo muito em relação à minha posição profissional, algo que passou por uma busca exaustiva por melhores oportunidades de estudo e carreira. Reflexões, essas, que me trouxeram até aqui, em uma cidade minúscula do interior da Alemanha, respirando o ar puro da natureza, apreciando a luminosidade das ‘golden hours‘…
Crônica: A importância do autoperdão e da libertação da culpa
Às vezes cometemos atos que nos prejudicam diretamente. Coisas que dizem respeito a algum tipo de atitude que se desvincula do nosso tipo de personalidade, que nos fere de alguma forma, que nos torna vulneráveis a um sentimento brutal de culpa, vergonha e excesso de autopunição. Há um ano, quando terminei meu namoro, mergulhei em…
Letras USP: por quê eu decidi estudar alemão na universidade?
Die, der oder das? Was ist richtig? Os artigos em alemão estão entre as coisas mais confusas em relação à compreensão da língua, mas está bem longe de ser um dos poucos tópicos discutidos em relação à complexidade do idioma como um todo. São muitas regras, algumas delas bem estranhas (como números com mais de…
(+18) Minha experiência com a massagem tântrica
O tantra é uma filosofia linda, pura e cheia de elementos que estimulam nossas forças. Por causa da minha vivência no Yôga, que passa pelo aprofundamento teórico de filosofias que acabam por cruzar com ela, acabei descobrindo o tantra e suas vertentes. Quando se fala em tantra, é comum que se associe o termo imediatamente…
Trilha em Paranapiacaba (SP): reconexão e fortalecimento em tempos de caos
Eu sempre me considerei uma pessoa urbana. Alguém que se sente confortável em dias cinzas que casam com arranha-céus, passeios pelas calçadas, barulhos altos e luzes que pulsam vinte e quatro horas por dia. Sempre acreditei que minha essência fosse, primordialmente, passar por avenidas, beber qualquer coisa em bares nas esquinas paulistas e olhar tudo…